Levantamento da trajetória no mercado de trabalho de egressos dos cursos do PROFAE – 2000 a 2008

 

Sabado Nicolau Girardi
Cristiana Leite Carvalho
Jaqueline Medeiros Farah
Jackson Freire Araújo
Lucas Wan Der Maas
Luis Henrique Silva Ferreira

Este relatório apresenta os resultados do levantamento sobre a trajetória no mercado de trabalho de egressos dos cursos do Projeto de Profissionalização de Trabalhadores na Área de Enfermagem – PROFAE. O PROFAE foi concebido e implantado, pelo Ministério da Saúde, a partir de 1999, como estratégia de viabilização de uma política pública de saúde, para o campo de Recursos Humanos, tendo em vista o atendimento ao ideário e, por conseqüência, aos compromissos e demandas do Sistema Único de Saúde – SUS – de melhoria da qualidade da assistência à saúde prestada à população e de qualificação/valorização do trabalhador de saúde. Assim, o PROFAE foi criado como resposta ao problema da baixa qualificação de milhares de trabalhadores que atuavam nos serviços de saúde públicos e privados, prestando cuidados de saúde diretos à população.

Com base nessa contextualização e apoiado nas evidências de natureza qualitativa e quantitativa da composição da força de trabalho em enfermagem, no país, e articulado a um processo de institucionalização da saúde, o Ministério da saúde no ano de 2000 apresentou o Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem – PROFAE. Tratava-se de iniciativa política, de natureza pedagógica voltada para os trabalhadores que atuam em múltiplos espaços e ações em saúde, na especificidade da prática em enfermagem, que não puderam adquirir formação profissional regulamentada em termos educacionais, ético-profissionais e trabalhistas.

O PROFAE foi viabilizado mediante Acordo de Empréstimo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e recursos do Tesouro Nacional e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), para ser desenvolvido em todo o território nacional, com o objetivo de qualificar os trabalhadores que exerciam sua profissão sem qualificação específica, diminuindo, assim, os riscos à população atendida e melhorando a qualidade da atenção hospitalar e ambulatorial, particularmente nos estabelecimentos públicos e privados de saúde, integrantes do SUS.

Essa estratégia, concebida pelo Ministério da Saúde, foi operacionalizada mediante articulação com gestores estaduais e municipais do SUS e com instituições públicas e privadas de ensino. Ao tempo em que propunha a formação do pessoal de enfermagem já inserido nos serviços, um dos objetivos do PROFAE prendia-se à criação de condições de continuidade e de sustentabilidade para os programas de formação de nível médio para a saúde, para impedir que um novo contingente de trabalhadores, em situação irregular, possa surgir no futuro.

As metas definidas, no documento original do PROFAE, são as que se seguem:

i. Qualificar 225 mil trabalhadores de enfermagem como auxiliares;
ii. Promover a escolarização de 25% da clientela que não concluíram o ensino fundamental;
iii. Capacitar 12 mil enfermeiros como docentes para a educação profissional em saúde;
iv. Modernizar as 26 Escolas Técnicas de Saúde do SUS; v. Criar um sistema de Certificação de Competência dos Auxiliares de Enfermagem egressos dos cursos promovidos pelo PROFAE; vi. Criar um Sistema de Acompanhamento do mercado de trabalho de em saúde e do mercado formador.

Para a equipe da gerência do PROFAE, o processo de gestão do Projeto, incorporando tecnologias e instrumentos inovadores de relacionamento entre entidades públicas e privadas, permitiu em tempo relativamente curto, estabelecer uma rede de formação que atendeu e superou as metas estabelecidas no Acordo de Empréstimo. Os resultados alcançados pelo PROFAE, até o momento, reiteram a legitimidade desse processo de qualificação profissional no setor saúde, expressos na quantidade de trabalhadores formados e na adesão de trabalhadores, gestores, instituições de ensino médio e superior e conselhos profissionais.

O objetivo do presente levantamento foi o de analisar o impacto da formação no PROFAE sobre o trabalho de seus egressos, adotou-se uma estratégia metodológica que combinou técnicas quantitativas e qualitativas de análise, possibilitando uma análise desde uma perspectiva econômica e simbólica sobre o resultado da formação para a empregabilidade, melhoria ocupacional e de salário e reconhecimento e valorização do trabalhador.

Além desta introdução o relatório se divide em duas partes. No próximo tópico será feita uma breve apresentação da metodologia utilizada com detalhes sobre os dados utilizados, sejam primários ou secundários, e técnicas empregadas. Em seguida serão apresentados os resultados, com uma seção para cada técnica utilizada na análise dos dados.

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