Levantamento sobre a desprecarização do trabalho em saúde no Brasil – 1992 a 2008

 

Sábado Nicolau Girardi
Cristiana Leite Carvalho
Jaqueline Medeiros Farah
Jackson Freire Araújo
José Cândido Lopes Ferreira
Lucas Wan Der Maas
Luis Henrique Silva Ferreira

 

O presente relatório objetiva apresentar os resultados do “Levantamento sobre a desprecarização do trabalho em saúde do Brasil – 1992 a 2008”. Nesse sentido, aborda os processos de precarização e desprecarização do trabalho de ocupados em saúde no país, mais especificamente, de Médicos, Enfermeiros, Cirurgiões-Dentistas e Pessoal de Enfermagem, durante as décadas de 1990 a 2000, período em que se consubstanciaram uma crise nos mercados de trabalho e sua recuperação. A abordagem em questão é expressa desde uma perspectiva quantitativa, a partir da análise de dados secundários sobre o mercado de trabalho no país, e qualitativa, remetendo a dados coletados através de grupos focais.

Do ponto de vista quantitativo, a análise dos dados das séries históricas da Pesquisa Nacional de Amostras por Domicilio – PNAD/IBGE nos permite acercar dos fenômenos de precarização e desprecarização do trabalho a partir da análise cruzada da posição na ocupação dos entrevistados e atributos como rendimentos, horas semanais trabalhadas, duração do trabalho, contribuição previdenciária, entre outros. Por seu turno, a análise dos dados da dinâmica do emprego e salários nas series históricas da Relação Anual de Informações Sociais – RAIS/MTE permite avaliar o desempenho e capacidade de absorção de trabalho pelos segmentos formais dos mercados de trabalho. Maior o dinamismo do emprego formal, maior capacidade de absorção da força de trabalho, menores são os espaços para a precariedade, pelo menos do ponto de vista da dimensão formalidade versus informalidade implícita no fenômeno da precariedade.

Isto não significa dizer, no entanto, que a simples formalização do emprego é sinônima da ausência de precariedade. Atributos do emprego como o grau de estabilidade e determinação temporal dos contratos, o nível e graus de nexos e previsibilidade da remuneração, a duração das jornadas, as salvaguardas contra os riscos e incertezas do mercado de trabalho e os direitos associados ao emprego, entre outros, são determinações essenciais da qualidade do emprego. Pode haver, com de fato há, emprego formal precário, mas, sem dúvida, a formalização, como processo, é um importante sinal de desprecarização, indicador de uma transição para uma sociedade do trabalho decente.

Adotaram-se como recorte analítico para o componente quantitativo os atributos de sexo, raça/cor da pele e faixa etária da população ocupada; atributos do trabalho como posição na ocupação, ramo de atividade econômica, tempo de permanência, horas semanais trabalhadas, rendimento mensal, contribuição previdenciária, entre outros; e distribuição geográfica segundo grandes regiões.

Analisou-se também a evolução dos empregos das ocupações selecionadas, no mercado de trabalho formal, no período em questão, segundo recorte de sexo, faixa etária e região geográfica. Finalmente, de forma exploratória, considerou-se a percepção de trabalhadores da saúde sobre contratação não celetista e estatutária, isto é, vínculos de trabalho como autônomo, temporário, contrato por tempo determinado, cooperativa e pessoa jurídica.

O relatório está dividido em quatro partes, além desta introdução, começando por uma breve nota sobre o conceito de trabalho precário e de sua aplicação para a saúde. Em seguida, são feitas notas metodológicas sobre o trabalho realizado. O terceiro tópico apresenta os resultados do levantamento sobre os trabalhadores e ocupações de saúde selecionadas. Os mesmos foram separados em análise demográfica dos ocupados, evolução dos atributos do trabalho, evolução do mercado de trabalho formal, evolução dos salários e resultados dos grupos focais. Finalmente, são apresentadas as conclusões.

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